O número de casos confirmados de gripe suína em 2010 aumentou 37% em relação ao período em que o vírus H1N1 acometeu vítimas paraenses entre 25 de junho e 31 de dezembro de 2009. As informações são do Instituto Evandro Chagas, que desde o início deste ano já fez a análise em 221 amostras para confirmar o vírus. Desse total, 82 casos deram positivo e incluiu, segundo o Instituto, uma quantidade expressiva de grávidas. Ontem, o Evandro Chagas processou 35 materiais para identificar a presença do vírus, sendo que além de Belém, havia amostras de outros Estados.
Wyller Mello, diretor do laboratório do Instituto Evandro Chagas, informou que o quantitativo de casos confirmados inclui quatro óbitos de grávidas, grupo que ele considera um dos mais atingidos pelo vírus transmissor da gripe A. Contudo, o pesquisador reitera que a maioria das grávidas conseguiu se recuperar. "Vários casos de grávidas em que identificamos o vírus conseguiram se recuperar normalmente".
Chamado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) de "semana epidemiológica", o período de 1º de novembro a 31 de dezembro registrou 109 casos notificados pela Coordenação de Vigilância à Saúde do Estado, com nove confirmações de gripe suína e duas mortes.
Entre 1º de janeiro deste ano e ontem, 101 casos foram notificados. Porém, mesmo sendo um número menor que os meses de novembro e dezembro passados, registrou 30 confirmações para a gripe suína e oito mortes, sem contar o caso da jovem Ana Vitória da Silva e Silva, que faleceu na última quinta-feira, no PSM da 14 de Março, com todos os sintomas da doença e que só terá a confirmação - ou não - da presença do vírus a partir da próxima segunda-feira, quando o Evandro Chagas terá o resultado.
Pacientes enfrentam confusão e grosseria
Grávida de seis meses, a pedagoga Elisângela Silva dos Santos saiu de casa ontem de manhã para tomar a vacina contra a gripe suína. Depois de passar pelos postos de saúde da Cremação e da Sacramenta, Elisângela soube que a vacina estaria disponível no Pronto-Socorro da Cidade Nova VI, em Ananindeua, bairro onde mora. Porém, quando chegou lá, se deparou com o caos, já que além de não ter vacina, ainda encarou a grosseria e agressão verbal dos guardas que ela acredita ser da prefeitura.
A pedagoga conta que se sentiu humilhada, já que um dos guardas estava armado e totalmente descontrolado. "Tinham muitas grávidas lá. Uma delas, no último mês de gestação, passou mal e por pouco não apanhou do guarda. "Eu até pensei que ele fosse atirar. Fiquei apavorada. Como é que alguém que vai trabalhar com o público sai pro trabalho armado, gente?", critica.
Elisângela disse que o tumulto aconteceu porque ela e as outras mulheres queriam ser vacinadas, por isso cobravam uma informação sobre a data que as vacinas estariam disponíveis. "Nunca pensei que fosse encontrar pessoas tão grossas. Sem falar que é uma grande irresponsabilidade deslocar grávidas de suas casas para tomar vacina e ainda deixá-las ainda mais expostas ao vírus", reforçou.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Ananindeua informou que "conforme já publicado em notas oficiais da prefeitura à imprensa, as vacinas contra a H1N1 no município estão disponíveis desde ontem (quinta-feira) nas unidades básicas de saúde, hospitais conveniados e unidades saúde da família que possuem sala de vacinação. Isso deixa de fora as unidades de urgência e emergência, como é o caso da Unidade da Cidade Nova VI".
Ainda segundo a secretaria, "em relação aos possíveis maus-tratos da segurança do local - que é feita por uma empresa terceirizada - informa ainda que o fato irá ser apurado e serão tomadas as providências necessárias".
Gestantes correm aos postos, mas parte volta sem a vacina
Depois que a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que as vacinas contra a gripe suína estariam disponíveis para todas as grávidas - além dos profissionais de saúde -, desde a última quarta-feira, em um adiantamento isolado do Pará para iniciar o período de vacinação antes que os outros Estados, a corrida de gestantes aos postos de saúde foi intensa e fez muita gente voltar da porta.
As 28 mil doses recebidas pelo município para abastecer os 29 postos de saúde de Belém e as 47 unidades do programa Saúde da Família ainda se encontram em processo de distribuição, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), que deve concluir a entrega das vacinas até a próxima segunda-feira, quando, oficialmente, se inicia o período de vacinação nacional, conforme o cronograma do Ministério da Saúde.
A Central Municipal de Imunobiológicos é onde as 2.800 ampolas estão sendo armazenadas. Cada ampola contém 10 doses, o que totaliza 28 mil vacinas, que já começaram a ser entregues nos postos da capital e dos distritos do Outeiro, Mosqueiro e Icoaraci.
Jurema Araújo, gerente da central, garantiu que até ontem todos os postos de Belém haviam recebido a remessa de vacina, ainda que durante toda a semana, algumas doses foram entregues como forma de evitar transtornos, principalmente, para as grávidas. "Até o final de sexta-feira todos os postos receberão as doses", afirmou.
Fonte: Jornal Amazônia
Texto: Yáskara Cavalcante
Edição: Márcia Azevedo
Fotos: Ray Nonato e Shirley Penaforte
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