Lispectoriando

"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender.
Viver ultrapassa qualquer entendimento"
(Clarice Lispector)









segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Canais colocam a vida da população em perigo

As chuvas fortes já começaram a causar transtornos para quem mora próximo a canais, e Belém, cercada deles, é uma das capitais que mais enfrentam problemas de saneamento. Com pelo menos 40 pontos críticos de alagamento mapeados pelas secretarias municiais de Saneamento (Sesan) e de Urbanismo (Seurb) e pela Defesa Civil (estadual e municipal), o momento é de cautela e, para muita gente, de transtorno. Vistos do alto, esses pontos preocupam. Obras como a Vila da Barca e a drenagem do Paracuri, em Icoaraci, que sofrem influência das marés, além de canais que integram as 13 bacias que compõem o projeto da macrodrenagem, começam a causar preocupação em quem mora próximo a essas áreas, diretamente afetadas durante o chamado inverno amazônico.


Durante um sobrevoo por Belém a bordo do Libcop, a equipe de reportagem registrou as áreas mais vulneráveis e constatou que é preciso agir com rapidez, caso contrário, as fortes chuvas correm o risco de encher canais, inundar casas e deixar centenas - ou até milhares - de pessoas desabrigadas. A retirada do excesso de água do solo e que se acumula em áreas próximas a microbacias hidrográficas, como as que existem em Belém, é o mesmo que macrodrenar. Nos canais e pontos considerados críticos e propícios a alagamentos, é urgente a conclusão da chamada macrodrenagem, que, se não for executada de forma responsável e rápida, pode ser responsável por enchentes e muitos problemas para a população.


E mesmo com tantos problemas aparentes, o secretário municipal de Urbanismo, Sérgio Pimentel, garante que estará pronta, até setembro de 2010, a macrodrenagem na Estrada Nova, que custou R$ 400 milhões, financiados pelo governo federal através da permissão para que a prefeitura recebesse o financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). 'A ideia é que até setembro do próximo ano não só essa obra, como todas as outras de macrodrenagem sejam finalizadas', afirma.

Considerada por Sérgio Pimentel como uma das áreas mais problemáticas, a Estrada Nova, que detém o canal da Cremação, através da macrodrenagem - a maior obra do Portal da Amazônia -, começa às proximidades da Universidade Federal do Pará (UFPA), no bairro do Guamá, e se estende até a Cidade Velha. 'Essa área do canal da Cremação não tinha saneamento, nem coleta de esgoto e nem coleta de lixo, pois se trata de um ponto de difícil acesso. Esses problemas já foram resolvidos', reforça.

Para o engenheiro sanitarista e ambiental Paulo Monteiro, as obras da macrodrenagem em Belém caminham de maneira lenta. Ele acredita no potencial técnico e operacional da prefeitura para executar com rapidez a obra, mas diz que não há audácia para concluir o projeto. 'Belém sempre careceu de um projeto inovador e ágil para que todos esses canais fossem reforçados para que não transbordassem', opina o engenheiro.

Paulo Monteiro afirma que não há como finalizar a macrodrenagem nas bacias de Belém porque outros problemas assombram a parte hidrográfica das áreas críticas. 'Não há saneamento e nem sistema de esgoto adequado. E não é por falta de recurso. Penso que falta um ponto de partida. Não bastam só projetos, projetos, projetos. É preciso de duas coisas: planejamento e execução. Só isso', pontua.



Mais de 1,2 mil famílias na Vila da Barca temem a chegada do inverno

Mais parecendo uma favela, a Vila da Barca, projeto urbanístico da prefeitura para oferecer moradias mais dignas - de alvenaria - a cerca de duas mil famílias, é considerada, hoje, uma das áreas mais críticas quando o inverno chega. Situada em uma área alagada, a Vila da Barca já teve a primeira e menor parte do projeto entregue aos moradores, mas cerca de 1,2 mil famílias ainda aguardam pela conclusão da obra, orçada, segundo o secretário municipal de urbanismo, Sérgio Pimentel, em R$ 60 milhões.

O titular da Seurb reconhece que é preciso melhorar os canais, erradicar palafitas e melhorar a qualidade de vida da população e afirma que até setembro todos os problemas do local serão resolvidos. 'Com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as obras de esgoto e revitalização fundiária, além da erradicação de palafitas e a melhoria da qualidade de vida da população serão executadas. Até setembro, todas as obras serão entregues', prometeu.

Assim como a Vila da Barca, a comunidade do Paracuri, em Icoaraci, também é considerada vulnerável às chuvas. Com cerca de 40 mil habitantes e pelo menos metade deles habitando as palafitas que ficam às margens do igarapé Paracuri, a área está sendo contemplada pelo projeto 'Ação Metrópole', do governo do Estado, que, porém, até agora, não avançou nas obras, orçadas em quase R$ 65 milhões. (Y. C.)

Fonte: O Liberal
Textos: Yáskara Cavacante
Fotos: Oswaldo Forte

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