Lispectoriando

"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender.
Viver ultrapassa qualquer entendimento"
(Clarice Lispector)









sexta-feira, 9 de julho de 2010

FURO: Mais um mistério na gravidez

Priscila Souza Brito, de 22 anos, estava, até ontem, pronta para dar à luz Sofia, sua primeira filha. Tudo estava preparado para o parto e para receber a nova moradora da casa. Aos nove meses de gravidez, Priscila viu tudo ir por água abaixo ontem, quando teve um sangramento pela manhã. Ao chegar ao hospital, a surpresa: não havia bebê na barriga dela. A jovem foi encaminhada à Santa Casa de Misericórdia, onde os médicos também não teriam encontrado o bebê. Desesperada, Priscila voltou para casa e hoje deve encontrar o médico que a acompanhou durante o pré-natal.


Priscila mora com um casal, que prefere não se identificar. Marido e mulher, que acompanharam os nove meses da gravidez da moça, contam que tudo ia bem. "Ela fez o pré-natal normalmente, a barriga crescia a cada dia. Não era grande, mas crescia. Era uma gravidez normal", conta o homem.

Ele diz que como a gravidez já estava no final, a mãe de Priscila mudou-se para a casa dele para ajudar a filha no parto e a cuidar do bebê, que teria sido confirmado em exames de ultrassonografia realizados no Hospital Layr Maia, localizado no bairro do Umarizal, através do plano de saúde Hap Vida, que não cobria o parto, embora tenha dado assistência pré-natal.

Segundo a fonte, Priscila foi atendida pelo ginecologista Edval Pamplona, que teria confirmado, através de exames de ultrassom, a gravidez. Ele revela que ontem de manhã, quando a moça chegou ao Layr Maia para verificar o sangramento, recebeu a informação de que não tinham sido encontrados batimentos cardíacos no bebê. "Como o plano dela não cobria o parto, deram o encaminhamento para a Santa Casa. Mas, quando chegamos lá, os médicos também disseram que não tinha bebê", diz.

Ao chegar à Santa Casa, Priscila teria sido submetida a exames para identificar os batimentos cardíacos do bebê. E como os batimentos não existiam, os médicos submeteram a jovem a uma ultrassonografia, onde constataram que, de fato, não existia o bebê. "Como não encontraram o bebê, encaminharam a Priscila para a assistente social, pois acreditam que se trata de gravidez psicológica", revelou o homem, que, assim como a esposa dele, acompanhou a moça durante todo o dia.

Hoje, Priscila e o casal irão procurar o ginecologista Edval Pamplona para que ele explique o que aconteceu com a gravidez, já que ele assegurou à paciente de que ela estava grávida de uma menina. "Ela fez todo o enxoval, estava feliz com a gravidez. Agora, só queremos saber e entender o que aconteceu", lamentou o acompanhante.

A reportagem tentou contato com o Conselho Regional de Medicina (CRM) por volta das 16h. Mas, o atendente do conselho informou que era impossível falar com o presidente. Procuradas, as assessorias de imprensa do plano de saúde Hap Vida e da Santa Casa de Misericórdia não responderam aos questionamentos.


Nota do blog: A assessoria de imprensa do plano Hap Vida, depois de me contar detalhes  - um tanto quanto contraditórios - me pediu off total. Como é possível um repórter não detalhar o que sabe e omitir numa matéria como essa informações tão importantes? Lamento cada vez mais a posição que assessores de imprensa (apesar de ser uma) ocupam quando o assunto é a ética e a verdade, tão necessárias para a prática do jornalismo sério e comprometido.

A matéria foi publicada somente no jornal Amazônia desta sexta-feira (09), com edição da competente editora Márcia Azevedo, que não omitiu nenhuma linha do que escrevi.

Ao final do texto publicado no jornal, faltou colocar a resposta da assessoria do Hap Vida, que tentou, de todas as formas, que nem mesmo o nome do assessorado fosse citado. Mas, imagina você, mulher, prestes a dar à luz, onde o médico passa pelo menos seis meses da sua gravidez dizendo que você está, sim, gravidíssima, e quando chega na hora do parto, com enxoval prontinho, é descoberto que não tinha gravidez, nem bebê, nem nada??????

Que espécie de profissional é esse que o mercado oferece???? Que ginecologista é esse que não tem a capacidade de saber uma mulher está ou não grávida? Pelo tempo que se estuda medicina, se especializa, se adquire experiências, o mínimo que um médico desses tem a obrigação de saber é, só de olhar a partir de um exame de toque, se a mulher está ou não esperando o bebê. E o exame de sangue? E as primeiras ultrassonografias????????

No lugar dessa moça, das duas uma: ou acabava com a vida profissional desse médico ou processava esse plano e o Estado por permitirem que o mercado ofereça profissionais como esse.

Abaixo, a resposta da assessoria, que acabou mandando o e-mail depois da edição ter sido fechada, embora eu tenha questionado tudo o que fosse possível para complementar o texto por volta das 17h.

"A empresa afirma que possui um laudo de exame de imagem, realizado no dia 23 de abril, onde consta que a paciente tem ausência de gravidez".


Nenhum comentário:

Postar um comentário